Em 1972 a ONU organizou um encontro mundial em
Estocolmo, na Suécia, que pela primeira vez tratou oficialmente sobre o meio
ambiente. Nesta ocasião foi instituído a data de 5 de junho como o Dia Mundial
do Meio Ambiente, o Dia da Ecologia. E também foi criado o UNEP (PNUMA)
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Na conferência de Estocolmo se
confirmou que o meio ambiente deve estar no centro das preocupações da
humanidade, e que o futuro da Terra depende do desenvolvimento de valores e
princípios que garantem o equilíbrio ecológico.
Já se passaram 4 décadas que se instituiu o Dia
Mundial do Meio Ambiente, na linguagem bíblica, o tempo simbólico da passagem
pelo deserto em direção da “terra prometida”. Hoje, aos 42 anos desta data
celebrativa, deveríamos estar dando passos mais esperançosos e concretos na
direção de uma segurança ecológica e, como o povo bíblico, visualizando ou
entrando na “terra prometida”. Não é o que parece. Pois, desde 1972 até o
presente momento foram dados poucos passos de progresso no propósito da
instituição do Dia Mundial do Meio Ambiente. Na época, durante a conferência da
ONU em Estocolmo, se confirmou que o meio ambiente deve estar no centro das
preocupações da humanidade, e que o futuro da Terra depende do desenvolvimento
de valores e princípios que garantem o equilíbrio ecológico ou, melhor dizendo,
o equilíbrio ecobiológico.
Dez anos depois do encontro de Estocolmo, em 1982,
foi publicado, como sequência desse processo, a Carta Mundial para a Natureza.
No ano de 1987, a Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o desenvolvimento
propôs a ideia do desenvolvimento sustentável. A comissão também sugeriu a
Carta da Terra como um instrumento regulador das relações entre o meio ambiente
e o desenvolvimento. O trabalho de redação deste documento foi sendo muito bem
discutido em âmbito mundial até ser apresentado na Cúpula da Terra, realizada no
Rio de Janeiro, em 1992 (Rio 92). Não havendo consenso, em seu lugar foi
adotada a Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento. Em 1995,
no encontro de Haia, na Holanda, foi criada a Comissão da Carta da Terra para
realizar uma ampla consulta mundial sobre o assunto. Em 1997 esta comissão foi
ampliada, tendo em seu corpo a participação de 23 personalidades mundiais. E o
teólogo brasileiro Leonardo Boff é um dos integrantes dessa equipe, que teve
inicialmente a presença de Paulo Freire. Após um primeiro esboço do documento
em 1997, no Fórum Rio+5, e um segundo esboço em 1999, o texto foi oficialmente
reconhecido em março de 2000 e endossado pela ONU em 2002.
Em 2012, 40 anos após o encontro de Estocolmo,
ocorreu a Rio+20, que não demonstrou bons resultados nos diálogos e
compromissos com a sustentabilidade. Sabe-se que a Rio+20 deveria tratar sobre
o clima, mas o problema foi o seu “clima de negócios” que pairou nas mentes das
autoridades. Infelizmente, em 2012 as autoridades mundiais não conseguiam
pensar noutra coisa senão na crise do capitalismo. Esta caminhada que
ultrapassa os 40 anos do dia Mundial do Meio Ambiente deve ser resgatada para
avaliarmos nossas responsabilidades e compromissos com a vida na Terra. Em 4
décadas muito poderia ter sido feito. Sim, é lamentável. Mas, se as autoridades
deixaram a desejar, vale toda a luta empreendida e os muitos esforços dos
movimentos sociais e ambientais que fizeram história ecológica.
Hoje, ecologia é uma questão popularmente aceita,
mas também é manipulada por aqueles que supervalorizam o capital em detrimento
da vida. Por isso, ser militante ecológico hoje é mais difícil que nas décadas
passadas. Hoje precisamos distinguir entre ecologistas e ecologistas, verdes e
verdes, verdades e verdades. Em 40 anos a ecologia ganhou enorme notoriedade.
Mas, como o mercado e os capitalistas tiveram interesse pelo tema (não pela
causa), a ecologia ingressou num mundo de meandros, num verdadeiro mistifório
de pensamentos e ações.
Reverendo Pilato Pereira
Nenhum comentário:
Postar um comentário